• Paulão, o que é ser corintiano? Você se considera um autentico maloqueiro e sofredor?
Em meus 45 anos de vida e corintianismo, observando o que me cerca, percebi que apenas o sofrimento ensina e melhora as pessoas. Logo, nós corintianos, marcados por sofrimentos variados e provações, tendemos a sermos pessoas melhores, mais iluminadas que as outras. É fato.
O Corintiano é, em sua maioria, humilde e sofrido. Nesse sentido, somos todos maloqueiros e sofredores mesmo. Mas maloqueiro (ou favelado) não é sinônimo de bandido, como alguns detratores tentam fazer parecer. O Corintiano é o povo. A maioria manipulada que, quando se apercebe de sua força, muda o mundo! Ser Corintiano é ser um pouco mais que apenas humano!
• No CQC a sua participação foi uma tentativa de promover a banda?
Não. Tenho intenção de atuar como repórter e apresentador há vários anos. Procuro uma oportunidade e, sem falsa modéstia, não quero qualquer coisa. Quero um programa inteligente e ousado. Não rolou no CQC, mas um dia rola! Até então, sigo feliz com as Velhas Virgens e como redator de TV no SBT.
• Você tem uma tatuagem do Corinthians, correto? O que levou o Paulão a fazer essa tatuagem?
Fiz minha primeira tatuagem com 30 anos (o logo das Velhas Virgens). Sempre pensei que deveria tatuar algo que não fosse mudar em minha mente e minha vida. Algo que fosse sempre coerente com o meu modo de ser e pensar. Nesse sentido, tatuar o símbolo do time que amo foi a coisa mais natural do mundo. Só há uma coisa que sou mais que corintiano: homem!
• Se você fosse são-paulino aonde seria essa tatuagem?
Eu não tatuaria aquele pedaço de pizza em lugar nenhum. Eu nunca seria são-paulino. Ser Corintiano é uma tradição que herdei do meu pai. É imutável. Os tricolores gritam "vamô, São Paulo, Vamo ser campeão!". Os Corintianos apenas pedem pro time não parar de lutar. Veja quanta diferença!
• Qual é o maior ídolo do timão pra você?
Sócrates. Pela inteligência, pela sede e pela genialidade!
• Você assiste aos jogos do Corinthians com qual freqüência? Adiaria um show para ver uma final do timão?
Vi o timão ser campeão paulista ano passado no estádio. Vi todos os da libertadores no Pacaembu este ano. Na tv vejo sempre tb. Costumo ir ao estádio duas, três vezes por mês. Sou sócio-torcedor. É mais fácil no meio da semana, pois no fim estou sempre viajando e fora da cidade. Uma decisão de campeonato me faria adiar um show, sim. E pela Libertadores e pelo Mundial adio qualquer coisa.
• Corinthians tem cem anos e nunca ganhou uma Libertadores. Essa é a verdadeira velha virgem?
Cazuza já disse com propriedade que o tempo não pára. Estamos na luta e vamos ganha-la, cedo ou tarde. Pra outros torcedores é motivo de piada, mas pra nós é uma meta, um objetivo. Ser uma Velha Virgem eu não sei como é, até por que sou de Câncer. Mas ser das Velhas Virgens é do caralho! E não é pra qualquer um. Como ser Corintiano também não é pra qualquer um.
• O que você acha da proibição de palavrões nos estádios?
Eu acho que tem gente querendo aparecer e ser mais realista que o rei. Acho que a sociedade está sofrendo de um mal chamado "democracite", que é a doença de quem quer regrar todas as coisas na vida. Nem os juízes crêem que esta lei "pegue". Quero ver alguém prender 30 mil pessoas xingando um juiz. É uma imbecilidade sem tamanho como proibir pais de darem tapas na bunda dos filhos. Acho que quem propôs uma lei destas deveria, este sim, ser preso. Pura falta do que fazer! Uma lei imbecil que atenta contra a liberdade de expressão e a tradição dos estádios de futebol.
• Como surgiu a inspiração para o título "Ninguém beija como as lésbicas"?
É resultado de uma observação científica. Observando a atitude dos homens beijando a gente nota que o beijo é um veículo para carícias mais profundas, um elo, uma ponte e não uma finalidade. Por isso, não raro, os beijos são desleixados e não atingem o clímax que poderiam. Já no beijo entre mulheres, não há necessidade de um segundo passo ou de um complemento mais apimentado. É o beijo pelo beijo. Nunca disse que as lésbicas beijam melhor. Apenas que, pelas peculiaridades citadas, ninguém beija como elas.
• Qual a expectativas para o Woodstock Londrina?
Nosso ultimo show em Londrina foi cancelado por causa da chuva e por isso estamos com sede de Londrina, onde já fizemos grandes shows. Quanto maior e melhor a estrutura, quanto mais bandas envolvidas, maior a sede. Vamos babando pra Londrina fazer um show inesquecível. A gente toca rock in roll, pra muitos uma coisa ultrapassada, perdida no tempo. Pra nós, a melhor tradução musical do que se chama orgasmo!
+ sobre as Velhas Virgens
Prestes a completar 24 anos de carreira, as Velhas Virgens são consideradas uma das maiores bandas independentes do Brasil, pela sua trajetória de sucesso. Com uma proposta debochada, focando o entretenimento e a interação com seu público, faz cerca de 100 apresentações ao ano por todo o Brasil e mais de 150 mil discos vendidos. A banda faz do seu show uma grande diversão com letras recheadas por temas como bebedeira, rock, boemia e sexualidade.
A banda lançou seu nono disco, a debochada “ópera-rock”, "Ninguém Beija Como as Lésbicas", atualmente divulgado por turnê em todo Brasil. A proposta de show é nova, porém com sempre maluca. O CD “ópera” traz canções interligadas por efeitos, textos e ruídos quem narram uma história contínua sobre um gênio “dentro da garrafa”, o novo formato de show traz iluminação, cenário e figurino diferenciados, ambientando a história proposta. Na programação da MTV pode ser conferido o vídeo clipe de uma das novas faixas, “Velho Safado”, feito totalmente em animação.
Além do novo disco, foi lançado em conjunto um livro no formato HQ, "As Eletrizantes e Etílicas Aventuras das Velhas Virgens", onde os músicos da banda se transformam em personagens e vivem histórias divertidas e bizarras regadas a muita cerveja e rock’n’roll. Atualmente a banda também faz um show homenagem ao mestre da música brasileira, Adoniran Barbosa.
Em 2009, Paulo Carvalho, o “Paulão”, foi finalista do concurso promovido pela trupe de Marcelo Tas do popular programa de jornalismo humorístico CQC. O grupo foi pioneiro em diversas investidas independentes na música, entre estas lançar cd com revista nas bancas e criar sua própria grife de roupas. Acumula dez álbuns lançados, um CD- Rom, três DVDs e o livro biográfico “Velhas Virgens – 18 anos de Bar em Bar”. O sucesso da banda é evidenciado pela quantidade de fãs e seguidores por todo o país, espalhados nos shows e nas “lotadas” comunidades virtuais (só no site da banda são 50 mil cadastrados).
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