O ano de 2010 realmente marcou a história. Com a interferência direta das novas tecnologias, quase nada escapou das lentes das câmeras e das telas de computadores e celulares. Copa do mundo, centenário, mulheres e até a polícia municiaram as rodas de bares e o twitter.
Os personagens de 2010
Bruno e as penalidades
O goleiro Bruno brilhou no Flamengo com belas atuações e com um feeling para defender pênaltis. Chegou a ser cotado para defender a seleção de Portugal, onde se naturalizaria, mas a sua vida desregrada foi responsável por abortar uma carreira brilhante no futebol. Envolvido no desaparecimento da jovem atriz pornô, Elisa Samudio, Bruno amargará uma boa parte de sua vida atrás das grades. Apesar de não acharem o corpo da vítima, o ex-flamenguista pagou por declarações e orgias do passado. Nessa história toda que perdeu foi o Flamengo, a torcida e o futebol brasileiro que erra ao endeusar pessoas que são despreparadas pela vida e pela família, muitas vezes falida.
Andrade e sua passividade
Ele não xinga, não faz gestos para a câmera e não é mal-educado. Assim é Andrade, ídolo do Flamengo quando jogador, mas um simples funcionário, na visão, do clube quando técnico. Andrade é mais um caso de técnico negro que não tem muitas oportunidades para vencer na profissão. Coincidência ou uma barreira em nossa cultura?
Luis Álvaro Ribeiro, sangue novo e inteligente fora de campo
Ele chegou ao Santos depois de um longo período de mandato do ex-presidente Marcelo Teixeira. Acreditou e investiu na base, repatriou Robinho e Elano e quando pôde vender a joia Neymar, agiu com sabedoria e recusou a tentação do exterior. Como presidente ele também investiu no futebol feminino, trazendo Marta e Cristiane, e agora surpreendeu a todos com a contratação o maior do mundo Falcão, do futsal. A marca Santos vem valorizando de maneira inacreditável e para 2012, quando o clube completará 100 anos de fundação, não só de festa viverá o torcedores, mas de títulos também.
Neymar e Ganso
Não são mais promessas e sim ouro dentro e fora de campo. Neymar conviveu com o conflito da adolescência e da maturidade precoce. Errou como todos os jovens erram, mas nunca virou um mostro, pois não matou, não dirigiu bêbado e não agrediu nenhum juiz. É apenas um menino-homem de sucesso. Já Paulo Henrique Ganso tem talento para ser um dos cinco maiores craques da história moderna do futebol. É inteligente e suas caracterizas o tornam único no futebol, pois tem a inteligência de Zidane, a habilidade de Pita, a elegância de Raí e a personalidade de Sócrates. Completo!
Juvenal Juvêncio
Sua gestão é vencedora e ninguém pode negar. Ganhou três títulos brasileiros e manteve uma base vencedora por muito tempo. Mas a mentalidade do bom e de graça vem atrapalhando o São Paulo que não disputará a Libertadores em 2011, fato que não ocorre desde 2003. Suas brigas com o Corinthians, com a Federação Paulista de Futebol e com a CBF, foram decisivas para a exclusão o Morumbi como estádio da Copa. A perda do jovem talento Oscar também é um aviso que uma mudança deverá acontecer, desde que não haja um golpe contra o estatuto do clube. Se tivesse atrelado a soberania de sua gestão com a inovação e não com soberba, seria melhor lembrado e menos criticado.
Andrés Sanches e sua utopia
Dissidente da administração de Dualib e amigo pessoal de Kia J., Andrés assumiu um clube endividado e fadado a disputar a Série B do Campeonato Brasileiro, como de fato aconteceu. Com dignidade e voltando pela porta da frente, como ele mesmo se vangloriou na festa dos craques do Brasileirão, o Corinthians é hoje a marca mais valiosa do nosso futebol. Ronaldo Nazário, o maior artilheiro de todas as Copas, foi um investimento que trouxe reconhecimento mundial e uma receita respeitável para o clube. Esse ano Andrés e toda a nação corintiana, gostariam de um título para coroar o centenário do clube. Essa missão ficou pelo caminho no primeiro semestre e na praia no segundo semestre.
Andrés Sanches é um homem polemico com raízes de esquerda, mas com muita facilidade de se juntar com a situação, no caso a poderosa CBF. Fez muito mais que se esperava e muito menos que poderia no comando do Corinthians.
Carlos Caetano Dunga
Antes da Copa seus números, sob o comando da seleção brasileira, impressionavam. Porém ele ainda guarda uma mágoa destrutiva desde a Copa de 1990, quando foi culpado, injustamente, pela derrota para a rival Argentina. Dunga também não entende que a seleção de 1982 é mais reverenciada com a Tetra-Campeã de 1994, a sua Copa.
Dunga foi contra o povo e se perdeu. Priorizou os jogadores que caminharam com ele, apesar de viverem momentos questionáveis, e não deu chance ao futebol arte de Neymar, Ganso e Ronaldinho Gaúcho. Perdeu a Copa, para a Holanda, e a elegância nas entrevistas. Está exilado e dificilmente trabalhará em paz no Brasil, como técnico.
Mano Menezes
Não conquistou a Libertadores mais da história para o Corinthians. Mesmo assim foi chamado para ser técnico da seleção brasileira como plano B depois da recusa de Muricy Ramalho. É inteligente, mas seu estilo não combina com o futebol leve e solto da seleção. Porém é honesto e integro. Poderá ficar até a Copa, se obedecer direitinho o presidente-ditador Ricardo Teixeira.
Dorival Junior
Fez um trabalho inquestionável em 2010. Ganhou tudo pelo Santos, no primeiro semestre, e salvou o Atlético Mineiro do rebaixamento no segundo semestre. É tranqüilo e discreto e um técnico que poderá se tornar o melhor do Brasil em Breve. Tem a postura exata para tentar uma experiência na Europa. Foi o melhor do ano.
Muricy Ramalho
Pela quarta vez é Campeão Brasileiro. O melhor técnico da era dos pontos corridos. Não foi bem no Palmeiras, mas mostrou que é vitorioso, mesmo sem a estrutura do São Paulo. Recusou a seleção brasileira, por causa de seus princípios. Merece todas as honras possíveis.
Vanderlei Luxemburgo
Não é mais o mesmo da década de 90. Perdeu espaço quando buscou mais funções e não apenas dedicar como técnico. Quase foi rebaixado com o Atlético Mineiro e com o Flamengo. Mas as pessoas ainda dão essa autonomia que tanto o fascina e o prejudica. Hoje é apenas um coadjuvante no futebol brasileiro.
Dario Conca
Será mais um caso de jogador de clube e não de seleção? Conca não ganha chances na seleção argentina, mas é ídolo no Brasil. Jogou todas as partidas do Fluminense e foi o craque do Brasileirão e da galera.
Jonas e a volta por cima
Depois de ser considerado o pior atacante do mundo, Jonas foi o goleador máximo do Campeonato Brasileiro. É habilidoso e merece uma chance na seleção. Encontrou no Grêmio o prazer e a confiança para vencer.
Internacional e Celso Roth
Conquistaram de forma inquestionável a Copa Libertadores, mas deram vexame no Mundial de Clubes da FIFA. Eliminados pelo congolense time do Mazembe, o gosto amargo do fracasso substituiu o sabor do champanhe no final do ano. Recomeço para os dois em 2011.
Kaká
Não justificou o alto investimento pelo time merengue do Real Madri e caiu com a seleção na Copa. Jogou machucado e comprometeu um trabalho de quatro anos. Ainda assim é perdoado pela imprensa e pelos artistas, que via twitter, amenizam os seguidos fracassos. Kaká jogou muito menos que o Rivaldo, porém tem muito mais apoio que ele. A justiça e o bom senso realmente não andam junto com as manchetes de jornal.
Felipe Melo
Vive em outro mundo. Se acha o melhor da posição, não se considera violento e não admite erros. Também é rancoroso, como o técnico Dunga, e aciona a boca sem ligar o cérebro. Tem futebol para mudar esse quadro, mas a falta de humildade pode atrapalhar a sua carreira. Lembrando que humildade não é passividade e sim sabedoria de aprender com erros e mudar.
Luis Felipe Scolari
Proibiu os jogadores de darem entrevistas, sacrificou o meia Valdivia e brigou com a imprensa. Se fosse o Dunga seria execrado, mas seu ultimo título de verdade, Campeão da Copa do Mundo em 2002, dá subsídios para tais arbitrariedades. Seu alto salário também o incomoda, pois poderia ganhar alguma coisa (Copa Sul Americana) esse ano.
Feliz 2011!!!