Blog do Lau

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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Uma copa para entender a história da humanidade

Quando a África do Sul foi escolhida para sediar a Copa do Mundo desse ano ninguém imaginava que a história da humanidade estaria tão envolvida com esse evento. Se dentro de campo são 11 jogadores para cada lado, fora dele algumas feridas não cicatrizadas vêm à tona com o passar dos jogos. Colonização, guerra, soberania, preconceitos e formas diferentes de comandar suas seleções (exércitos) fazem desta Copa uma verdadeira aula de história.



A primeira missão do futebol começou dentro do próprio país sede. Ainda bem recente na memória e na cultura sul-africana, o apartheid, não oficial desde 1994, perdeu força em prol ao desenvolvimento. Brancos e negros se misturaram para incentivar os Bafana-Bafana, mas o processo de colorir a África do Sul terá ainda muitas barreiras invisíveis para serem vencidas. Infelizmente...


A boa campanha dos sul-americanos, pelo menos até as oitavas de final, também demonstrou que esses países estão chegando à maioridade esportiva e econômica. O Uruguai renasceu para ocupar novamente o seu lugar no trio de ferro de campões da América e marcou presença na semifinal. Feito que não era atingido desde 1970.


Inglaterra e Estados Unidos fizeram um jogo de muita tensão devido aos recentes conflitos políticos. Alvos prediletos dos outros terroristas, já que alguns líderes americanos e ingleses são terroristas de gola branca, a paz reinou e não tivemos um remake do trágico 11 de setembro. Graças a Deus que Deus é de todas as nações.


Sempre favorito, o Brasil foi o único país que retrocedeu nessa Copa. Castigado por décadas devido à ditadura no país, a comissão técnica optou pela repressão ao invés da alegria tão peculiar dos brasileiros. No final a seleção ficou sem sucesso, sem simpatia e sem identidade. Tomara que a banda citada pelo poeta Chico Buarque realmente toque coisas de amor na seleção que será anfitriã do próximo mundial.


Pelo lado asiático, os japoneses seguem a mesma fórmula vencedora que ergueu o seu país. Importaram a técnica, copiaram e agora começam a produzir seus próprios produtos com muita qualidade. Será potencia em breve.



 Porém o caso mais emblemático nessa fusão história-futebol é a Alemanha. Tri-campeã do mundo, os herdeiros de Hitler viram um selecionado bem “impuro” em se tratando da raça ariana. Três africanos, três poloneses, dois filhos de turcos e um brasileiro. A Polônia do artilheiro Klose foi o primeiro país a ser arrasado pelos nazistas. A comunidade turca, a maior na Alemanha, ainda é muito discriminada e o brasileiro, com sua cor e miscigenação, representa tudo que o partido nazista odiava. Já no futebol mostrado na Copa, os alemães mantiveram a disciplina e acrescentaram um estilo não burocrático jamais visto em outras épocas. Mesmo assim ficou no meio do caminho. Talvez a eliminação na semifinal foi uma pequena correção da história que, segundo ela, Alemanha não poderia vencer essa Copa de todas as raças.


Finalistas


O selecionado holandês desfilou um futebol de muita técnica, eficiência e objetividade. Herdeiros de gerações fantásticas, porém perdedoras, a Holanda brilhou na terra que colonizara tempos atrás. Mesmo sem a torcida dos africanos, a terceira final veio com muita justiça.


O outro finalista é a Espanha. Depois de eliminar Portugal, vizinho e rival de conquistas de terras nos tempos de colonização, os espanhóis confirmaram o favoritismo jogando um futebol bem brasileiro, a lá 82. Encantou o mundo e mereceu chegar à final, pela primeira vez da sua história. Uma decisão para quem gosta de um futebol bem jogado, pra frente e alegre.


Vamos contemplar esse povo africano que acolheu de maneira tão pura e agradável o maior espetáculo da Terra e torcer para que fique um legado de inclusão social para homens de todas as nações.



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