A ex-jogadora da seleção brasileira de Basquete, Marta sobral, esteve em São José do Rio Preto como embaixadora da Virada Esportiva do Interior. Muito simpática, Marta concedeu uma entrevista exclusiva para o Blogdolau/Lance! onde abordou vários temas como seus 23 anos de seleção brasileira, suas conquistas e, principalmente, qual a sua opinião sobre a internacionalização de técnico implantada pela ex-companheira, agora dirigente Hortência.
Estanislau Jr - Marta, você ainda é a quarta maior cestinha da história da seleção brasileira de basquete feminino. Dentre tantas glórias que você viveu com aquela geração fantástica, existe alguma coisa que te deixou com o sentimento de que poderia ser melhor?
Marta Sobral – Eu comecei muito nova seleção. Participei de muitas conquistas, mas o Mundial de 94 foi uma grande frustração. Na época eu passei por uma cirurgia e fui cortada. Minha irmã, Leila sobral esteve lá e me carregou no coração. Recebi muitos recados das jogadoras durante a competição. Ainda sinto muita falta daquela conquista, mas com certeza em alma eu acompanhei as meninas para aquele grande feito.
E. Jr. – Havana 91 ou Atlanta 96?
M.S. - Nossa, foram grandes conquistas. Jogar contra as americanas na casa delas foi emocionante. Chegamos na final muito respeitadas por elas e proporcionamos para o mundo um jogo maravilhoso. Em Havana foi tão importante quanto. Estávamos também na casa delas (cubanas) e o Fidel foi ver o jogo. Vencemos e convencemos. Você não tem idéia do orgulho que senti sendo condecorada pelo Fidel Castro em Cuba.
E. Jr. – O que você acha da mudança radical do comando das nossas seleções. No masculino um argentino e no feminino um espanhol?
M.S. – A responsabilidade dos futuros resultados será toda da Hortência. Temos técnicos competentes aqui no Brasil e acho muito arriscado mudar dessa forma. A Hortência foi campeã Pan americana, mundial e prata nas Olimpíadas sempre treinada por técnicos brasileiros. Se fosse apenas renovar e não chamar mais a Maria Helena, o Hélio Rubens, tudo bem, mas existem bons profissionais em nosso país que foram rejeitados e diminuídos. O Guerrinha é um bom nome, por exemplo. Torço pela seleção e espero que eu esteja errada, mas a vinda desses estrangeiros pode acabar com a nossa identidade. Eu fui a primeira jogadora que se aventurou nos Estados Unidos e fui bem. Eu era diferente e venci lá. Nós temos uma ginga muito particular que poderá acabar se algo não for repensado. Não pense que por estamos classificados em 2016 que a seleção não precisa valorizar o seu lugar...
E. Jr. – Você acha que a personalidade e o individualismo da jogadora Liziane pode contaminar o grupo da seleção?
M.S. – Ninguém é maior do que a seleção. Ela desrespeitou o técnico e agora é chamada com muita moral. Não acho que ela é tudo isso para ser tratada tão diferente assim. Existe uma diferença muito grande em ser individualista e fominha. A Hortência chutava muito durante o jogo e nós brincávamos com ela a chamando de fominha. Mas ela acertava 48 arremessos de 50. Essa menina acerta dois de 50. Tem que jogar para o time e não apenas em causa própria. Achei que a maneira que a Hortência conduziu o caso foi errada.
E. Jr. – O que pousar para uma revista masculina foi para você além de dinheiro?
M.S – Nossa, (risos). Foi a maior realização minha como mulher. Fui a segunda atleta a pousar, (a primeira foi a Hortência), e pousaria novamente se me chamassem. Eu toparia até de graça, (risos). É só dar uma ajeitada e mandar ver. Foi uma das barreiras que eu quebrei ao longo da minha vida. Não foi vulgar, foi nu artístico.
E. Jr. – O que é a política pra você, Marta?
M.S. – É um caminho que não terá como eu fugir. Quero fazer muito pelo esporte, pois eu vivi isso a minha vida toda e sei das dificuldades. Quero ajudar o atletismo, a natação, enfim, não só o basquete. Recebi várias sondagens de partidos, mas preciso pensar com calma para quando chegar a minha hora eu esteja realmente preparada.
E. Jr. – Podemos esperar a Marta nas Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro?
M.S. – Espero ser lembrada sim. Pode ser apenas para o desfile, não tem problema. Eu posso ajudar muito na organização e já fui comentarista também. Estarei lá com um sentimento de orgulho muito grande, porque é o meu país que estará recebendo essa festa.
Quem é Marta Sobral
Nome Completo Marta de Souza Sobral
Posição Pivô
Data de Nascimento 23/03/1964
Naturalidade São Paulo (SP)
Altura 1,90m
Clube que começou Hebraica (SP)
Clubes em que jogou Hebraica (SP), Santo André/Pirelli (SP), Leite Moça/Sorocaba (SP), Perdigão/Divino (SP), Constecca/Sedox (SP), Unimep/Piracicaba (SP), Seara Paulínea (SP), Virginia (EUA), Filadélfia (EUA), Fluminense (RJ) e Paraná Basquete (PR) e Quaker/Jundiaí (SP), Automóvel Clube/Campos (RJ) e Clube de Desportos da Maxaquene (Moçambique).
Principais Resultados Pela seleção:
- Jogos Olímpicos
. 7º lugar em Barcelona (Espanha - 1992)
. medalha de prata em Atlanta (EUA - 1996)
. medalha de bronze em Sydney (Austrália - 2000)
- Torneio Pré-Olímpico
. 15º lugar (Bulgária – 1980)
. 15º lugar (Cuba – 1984)
. 10º lugar (Malásia e Singapura – 1988)
. 3º lugar (Espanha – 1992)
- Campeonato Mundial
. 5º lugar (Brasil - 1983)
. 11º lugar (URSS - 1986)
- Copa América – Pré-Mundial
. vice-campeã (Brasil – 1989)
. vice-campeã (Brasil - 1993)
. campeã (Brasil – 1997)
- Jogos Pan-Americanos
. medalha de bronze em Caracas (Venezuela - 1983)
. medalha de prata em Indianápolis (EUA - 1987)
. medalha de ouro em Havana (Cuba - 1991)
- Campeonato Sul-Americano
. campeã (Peru – 1981)
. campeã (Brasil – 1986)
-
. campeã (Chile – 1989)
-
. campeã (Colômbia – 1991)
-
. campeã (Bogotá – 1993)
-
. campeã (Brasil – 1995)
-
- Campeonato Sul-Americano Juvenil
. campeã (Peru – 1981)
Pelos clubes:
- Campeonato Nacional
. campeã (Fluminense – 1998)
- Taça Brasil
. campeã (Perdigão Divino – 1989, Constecca/Sedox – 1992 e Leite Moça/Sorocaba – 1993)
Mensagem aos iniciantes no basquete "Lutar sempre para conseguir seu espaço. Não adianta querer subir na vida às custas dos outros. Devemos lutar sempre e mostrar nosso potencial."
Blog do Lau

quarta-feira, 14 de abril de 2010
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