Hoje vivemos em um Brasil dividido, não somente pelo
poder aquisitivo, cor, credo e religião. A atual divisão é ser destro ou
canhoto.
Não importa o que o meu lado faz, fez ou fará. Se o
político, artista, treinador, jogador ou jornalista for do meu lado, ele será
isento do meu julgamento e ganhará a minha defesa como se fosse um membro da
máfia. É o nosso mundo binário. Diante disso, o esporte também foi atingido
pela intolerância acéfala da polarização.
Há tempos que a seleção brasileira deixou de ser do
povo. O que era antes uma honra, a partir de 1990 se transformou em uma fonte
de enriquecimento, haja vista a foto da seleção com os jogadores cobrindo com a
mão o patrocinador da época por não concordarem com o rateio da CBF. Servir
deixava de ser o objetivo principal dos convocados.
Atualmente, a seleção brasileira só joga amistosos
fora do país. Não é mais acessível ao povo e vê em cada partida em terras
árabes ou orientais, uma enorme fonte de renda, mesmo se o adversário for
amador. Sem a mesma torcida, o brasileiro adotou a camisa da seleção para
contrapor o vermelho petista nas manifestações. Virou um amuleto da direita,
assim como foi na época da ditadura militar.
O mundo deu voltas e a volta do militar na
presidência, dessa vez aclamado pelo povo e não por golpe, agora interfere
diretamente na seleção. A manobra para que a Copa América seja realizada no
Brasil no auge da pandemia, separa Tite e Renato Gaúcho, Bolsominions e
Mortadelas, Conservadores e progressistas. Não importa que o atual técnico tenha
um excelente desempenho e lidera as eliminatórias. Ele é Lula e querem Renato
Portalupe, que é Bolsonaro.
Agora o presidente Rogério Caboclo, da CBF, foi
afastado do cargo por graves denúncias de assédio sexual e moral. Foi original,
já que os seus antecessores foram afastados por corrupção. A funcionária que
sofreu o assédio passa despercebida da roda de discussões e o evento ganha mais
visibilidade do que merece.
Estamos regredindo na democracia e nossos valores
estão invertidos na sociedade doente, intolerante e limitada.
Viva o meu lado, custe o que custar, mesmo se eu terei
que pagar esse preço...
Estanislau de Oliveira Lima Junior
Twitter; @blogdolau